Partindo da construção do mosaico étnico – racial, encaminhei aos pais dos alunos da minha turma, duas questões, Quem é você? / O que você faz? através de uma pequena entrevista, que foram respondidas em duas etapas, como tema de casa: etnia/religião e profissão/lazer.
Percebi nessa atividade o preconceito e/ou receio dos pais em responder as questões, pois de vinte e três alunos da turma, apenas dezesseis encaminharam as respostas. Como a escola pertence à Congregação das Irmãs de Santa Catarina, alguns destes pais vieram na escola para entregar em minhas mãos a entrevista e ainda preocupados, pois não eram católicos.
Nesse sentido, encontrei dificuldades e tratei o tema de forma superficial, construindo gráficos e painéis com as pesquisas realizadas e os dados levantados com as famílias envolvidas. Esses gráficos e painéis, num primeiro momento foram anexados ao mosaico étnico-racial, e posteriormente, foram divididos e compuseram um livro da turma, o Livro III, “Eu e os Outros”. Essa atividade foi desenvolvida com a finalidade de que os alunos pudessem reconhecer as características que identificam seu grupo social, bem como suas necessidades para poderem melhorar a convivência em grupo.
Ao desenvolver a pesquisa de etnias e outros valores sociais, de acordo com Darcy Ribeiro, em sua obra “O Povo Brasileiro” (2000), onde ele se refere a uma “ninguemdade” mestiça que deu origem ao povo brasileiro, “Brasilíndio” confesso que nunca havia lido sobre isso, mas sempre me preocupei em conhecer a origem da família dos meus alunos, não somente como tema gerador ou motivador, mas com respeito à diversidade de nossos ancestrais, e respeitando nossas origens, contribuições de cada povo na cultura gaúcha. Mas jamais imaginei e/ou me reportei a essas práticas que marcam jeitos de ser e estar que reportam à cultura indígena, africana, açoriana – aos “ninguém” de nosso currículo escolar.